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Como liderar a transformação digital nas empresas?

9 Mins de leitura

Aplicar a transformação digital nas empresas, pelo que as evidências apontam, é um desafio para as organizações brasileiras. É o que sugere um estudo da IDC Brasil, publicado na revista Época. Na pesquisa, foi apurado que apenas 24,7% dos gestores entrevistados acham a Transformação Digital relevante.

Considerando o crescimento vertiginoso do e-commerce, do uso de smartphones e da economia compartilhada, esse número não deixa de preocupar. Afinal, é como se um em cada quatro líderes negasse um fenômeno que é global.

Por outro lado, implementar ferramentas e conceitos ligados a um modelo de negócios digital implica riscos que nem todos estão dispostos a correr. Neste artigo, falaremos desses riscos e apontaremos caminhos para superá-los. Continue a leitura e descubra de que forma conduzir bem a sua passagem para a era digital!

O que é transformação digital?

Muitos acreditam que transformação digital se resume à ideia de trazer novas tecnologias para o ambiente corporativo. Se assim fosse, praticamente todos os negócios já teriam passado por esse processo, uma vez que ferramentas digitais, como e-mail, redes sociais ou meios de pagamento eletrônicos são estratégias comuns nas empresas.

Por isso, o conceito de transformação digital é muito mais penetrante. Ele está relacionado a modificações na própria estrutura das organizações, tendo a tecnologia como vetor principal na mudança.

Apesar de a transformação estar atrelada a questões de ordem tecnológica, é importante frisar que o foco é no fator humano, levando em conta dois aspectos principais: a otimização dos processos internos do negócio e o relacionamento com o cliente. Por esse motivo, a ideia é sempre buscar soluções inovadoras que possam aprimorar a experiência do usuário.

Há negócios que nascem em uma realidade já digital. É o caso de muitas startups de sucesso, como Nubank e iFood. Outras companhias, porém, são mais antigas e foram construídas com uma base mais clássica. Em vista disso, precisam “correr atrás” para se adequar ao mercado e manter sua competitividade. Esse é o caso dos grandes bancos, que entenderam a necessidade de remodelar seus processos burocráticos e apresentar soluções mais inovadoras frente ao sucesso das fintechs.

Não há como deixar de comentar também a revolução no mercado de transporte individual. Os taxistas se viram obrigados a adotar sistemas digitais de gerenciamento de chamadas (os aplicativos) para tentar não perder de vez seu espaço diante da concorrência dos serviços que intermedeiam corridas entre motoristas particulares e passageiros — Uber, 99 etc.

Com esses exemplos, percebemos mais claramente que a transformação digital está mais relacionada a processos estruturais do negócio do que a uma simples adoção de um instrumento digital.

Quais são os benefícios da transformação digital?

O gestor não deve ser atraído às estratégias de transformação digital somente pelas vantagens. Contudo, é indispensável compreender que essa evolução pode ser decisiva para a sobrevivência do negócio. Além disso, quando os passos certos são dados, os benefícios se tornam um divisor de águas na companhia. Confira alguns dos impactos mais comuns!

Maior eficiência

O que é eficiência? A definição mais aceita é a capacidade de alcançar o máximo de resultados (rendimentos) com o mínimo de esforço (despesas). A ideia é sempre reduzir custos e tempo e, ainda assim, ter bons resultados.

Imagine um cenário de produção industrial em que os insumos de estoque sejam controlados manualmente por meio de uma planilha. O registro do documento de entrada e saída de produtos depende unicamente de funcionários de diferentes setores, como compra, análise de custos, produção e comercial.

Tudo isso pode ser feito por meio de um software que acompanha todos os processos produtivos da organização. Como o sistema é automático, tudo ocorre rapidamente e demanda um número menor de colaboradores.

Clientes mais satisfeitos

Uma vez que temos processos mais consistentes e com menos falhas, os produtos e serviços entregues ao cliente são de maior qualidade. Devemos lembrar, entretanto, que esse não é o único fator que promove a satisfação do cliente, especialmente no caso de commodities, por exemplo.

Nesse caso, a vantagem competitiva pode estar atrelada ao tipo de experiência de consumo que você promove para o usuário. Daí, então, a transformação digital atua em diversas frentes do negócio, como relacionamento com o cliente, canais de atendimento, facilidade de compra, agilidade nas entregas, entre outros.

Aumento do controle dos processos

O controle está diretamente ligado à ideia de gestão. Sem controle, não é possível mensurar resultados, levantar métricas, aprimorar processos e identificar gargalos, entre muitas outras ações. As ferramentas proporcionadas pelo avanço tecnológico garantem que diversas operações do negócio estejam a alguns cliques de distância do gestor, em tempo real e com acesso remoto.

Gestão mais organizada

A digitalização tende a centralizar o gerenciamento e o armazenamento dos dados. Além disso, reduz o uso de espaço e recursos físicos, como papéis e salas específicas. Dessa forma, a rotina de trabalho fica mais organizada e fluida.

Simplificação de processos

Negócios digitais costumam ter uma estrutura mais enxuta. Não à toa muitas startups de grande alcance começaram com poucos profissionais e até uma infraestrutura física bem simples. O que traz a robustez do negócio é a tecnologia aplicada aos processos digitais, que resultam em um ambiente virtual produtivo claro, preciso, produtivo e eficiente.

Redução de custos

Obviamente, qualquer movimento em direção à transformação digital vai partir de certo investimento, porém, o resultado da estratégia sempre resultar em melhorias na experiência do cliente e no consequente aumento de lucros.

Isso, por si só, compensa o aporte feito. Por outro lado, o aprimoramento de processos decorrente da digitalização reduz falhas, demanda uma quantidade menor de profissionais em decorrência da automação e simplifica ou até dispensa algumas operações que antes geravam custos adicionais.

Vantagem competitiva

A transformação digital normalmente está acompanhada da inovação, que por sua vez agrega valor ao negócio. Dessa forma, empresas que modificam sua estrutura para fornecer uma experiência mais sofisticada aos seus clientes ganham força no mercado e se destacam das demais.

Quais os desafios para dar o start?

Para que a Transformação Digital nas empresas deixe de ser teoria para ser vivenciada na prática, o primeiro desafio a ser superado é entender que não se trata só de uma ideia. Já faz algum tempo que companhias surgem e se consolidam no mercado pautadas exclusivamente nos fundamentos digitais. Exemplos disso são as conhecidas Uber, Airbnb e o próprio Facebook. Essas empresas surgiram da internet e para o consumidor digital.

Sem querer “uberizar” o tema, podemos tomar como exemplo os esforços da startup que explorou a fundo o modelo de economia compartilhada. Em primeiro lugar, a Uber investiu em um mercado que dava pouca atenção ao consumidor e boa parcela do público ficava à margem dos serviços — principalmente pelos preços impraticáveis. Por outro lado, temos os altos custos de adquirir um carro próprio.

O foco da empresa foi sempre o usuário, tentando garantir uma experiência agradável, prática e a um preço acessível. Todavia, isso não veio sem desafios, tanto em termos jurídicos quanto no âmbito social. Assim, dar um start para construir uma nova estrutura é sempre um desafio, mas é um caminho recompensador.

Normalmente, seus gestores tomam decisões baseadas nos indicadores que a web mostra. “Ok, mas essas são empresas que já começaram operando a partir da internet”. É verdade, o que não quer dizer que não seja possível mudar, com medidas adicionais. Colocadas em prática, elas levarão a sua organização a uma transição segura em direção à verdadeira digitalização, adotando todos os conceitos e ferramentas vinculados a ela. Veja a seguir quais são os passos a serem seguidos!

Definir o caminho

Quando não existe uma cultura digital consolidada, é normal que as lideranças se sintam inseguras para dar início a um processo de transformação. Naturalmente, a primeira dúvida que surge e que impõe a decisão mais difícil é: qual deve ser o ponto de partida? Transformar-se no aspecto digital, na verdade, não implica apenas testar um aplicativo aqui e um software ali ou criar conteúdo para publicar em redes sociais.

O que está em jogo é algo mais profundo, com impactos diretos no modo de produzir e, em consequência, de vender. Diante disso, não surpreende que o “pontapé inicial” seja dado pelo setor em que a transformação digital tem mais influência — o marketing. Entretanto, ela pode se estender a todas as áreas, desde a gestão de estoque, passando pelos Recursos Humanos até a contabilidade.

Mudar o mindset para mudar a estrutura

Mindset é o termo em inglês que serve para designar um conceito acessório ao da Transformação Digital: o de mentalidade. Com a mudança do mindset, portanto, muda-se também a maneira de pensar o negócio, seus processos e ferramentas. A partir disso, a empresa cria uma base comportamental e de atitudes favorável às alterações estruturais necessárias.

Imagine que, na sua companhia, o endomarketing ainda segue um modelo tradicional. Nele, os colaboradores são informados sobre as ações organizacionais em murais, impressos ou mesmo por correspondência. Ao mudar para uma mentalidade digital, esses canais inevitavelmente tendem a ser substituídos por outros como WhatsApp, e-mail ou redes sociais.

Facilitar por meio da tecnologia

Outro bom exemplo de aplicação consciente da transformação digital nas empresas é a própria marcha da inovação na contabilidade. De fato, poucas áreas como essa compreenderam tão bem, além do marketing, a importância de aderir de forma irrestrita aos modelos de negócios tecnológicos.

Essa adesão, por outro lado, só tem sido possível porque contadores e profissionais do ramo entenderam e assimilaram que a tecnologia é um facilitador. Ao contrário de outros segmentos, nos quais ainda prevalece certa desconfiança, na contabilidade a transformação digital chegou para ficar.

Desapegar de recursos físicos

Adotar um modelo de negócios digital implica desapegar de tudo que é obsoleto. No marketing, por exemplo, isso significa reduzir ao mínimo os investimentos em canais off-line comprovadamente mais caros e com retorno menor. Nesse cenário, avalie o que vale a pena deixar de lado e não tenha medo de ser feliz sem velhos métodos e práticas que já deram o que tinham para dar.

Como fazer transformação digital no dia a dia?

Teoria sem ação não seria nada, certo? Confira na sequência quais medidas tomar para uma migração bem-sucedida para os padrões digitais de negócios.

Adiante as necessidades dos clientes

Uma característica da massificação da internet é que, com ela, o cliente está mais empoderado do que nunca. Logo, é a partir dos canais de comunicação digitais que você deverá captar suas necessidades a fim de oferecer soluções sob medida.

Pense bem, afinal, o consumidor hoje é omnichannel. Então, tudo o que você fizer on-line vai repercutir na vida real, a favor ou contra. Por isso, seja estratégico, avalie causas e consequências e não decida sem antes definir um ou mais objetivos com 100% de clareza.

Crie estratégias para resolver os problemas

Uma vez que a inovação vem para aprimorar a experiência do cliente e atrair sua atenção de forma positiva, é importante que as estratégias partam da resolução de problemas. Identifique os gargalos e os pontos de contato com o público e entenda de quais maneiras a tecnologia é capaz de reduzir falhas e melhorar a experiência.

Envolva toda a empresa

“Respeito é sobre como tratar a todos e não apenas aqueles a quem você quer impressionar”. De autoria de Richard Branson, líder da Virgin, a frase serve como um aviso sobre a parte fundamental da transformação digital nas empresas — o envolvimento das pessoas.

Do mais simples colaborador até os altos cargos de direção, todos precisam abraçar a ideia de uma empresa digital. Isso significa que todos precisam ser educados ou treinados para lidar com a nova estrutura e as ferramentas adotadas. Quando isso acontece, fica mais fácil implementar mudanças, aumentando a produtividade e a satisfação.

Fortaleça a cultura da empresa

A cultura organizacional pode ser entendida como um conjunto de ideias, práticas e formas de ser e agir que se perpetuam. Sendo assim, a transformação digital deve ser incorporada ao dia a dia da organização até que, finalmente, seja assimilada e faça parte da sua cultura.

Invista em tecnologias

Certamente a transformação digital não acontece onde não há uso sistemático da tecnologia. Nesse aspecto, é válido tudo o que sirva para automatizar tarefas, evitar retrabalho ou mesmo substituir a mão humana. Softwares de gestão, plataformas de CRM — Customer Relationship Management ou Gestão de Relacionamento com o Cliente — e ferramentas de Analytics são bons exemplos disso.

Integre o marketing off-line

Embora seja uma necessidade, digitalizar um negócio não é o mesmo que abolir por completo canais e processos de marketing off-line. Na verdade, quando são bem alinhados, eles servem para potencializar resultados como jamais seriam capazes isoladamente.

É ilustrativo dessa integração o uso de QR Codes estampados em locais físicos onde os potenciais clientes transitam. Ao abrirem seus leitores digitais para esses códigos, eles sinalizam que estão interessados nas soluções agregadas. Além disso, não se pode esquecer que, com o cliente omnichannel, a interação acontece em todos os níveis, tanto on-line quanto off-line. Portanto, quanto mais integrados estiverem marketing e comunicação, melhor.

Neste artigo, você conheceu o significado da transformação digital nas empresas. Também viu como fazer para colocar esse conceito em prática e maneiras de realizar uma transição suave e segura. Assim, não congele o seu negócio no tempo e garanta uma vantagem competitiva. Afinal, o mercado já entendeu faz tempo que o digital é um futuro que já começou.

E você? De que maneiras a transformação digital pode entrar na sua empresa? Deixe sua opinião nos comentários e participe desta discussão!

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Sobre o autor
Diretor da Vertical de Gestão da Alterdata.
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