Contabilidade

Entenda a diferença entre lucratividade e rentabilidade

6 Mins de leitura

Gestores e proprietários de empresas precisam pensar no planejamento estratégico do negócio e tomar decisões que viabilizem o crescimento da organização. Para isso, é fundamental que tenham a distinção entre lucratividade e rentabilidade na ponta da língua.

Embora ambos os conceitos estejam relacionados à ideia de ganho financeiro, cada um tem uma perspectiva diferente. Devem ser usados, assim, para finalidades específicas. Nesse sentido, confundir as definições pode fazer com que o empresário use estratégias inadequadas, vindo até a perder dinheiro.

Quer realizar uma gestão financeira e contábil mais eficiente no seu negócio? Então chegou ao artigo certo! Continue acompanhando para aprender a diferenciar as noções de lucratividade e rentabilidade!

Entenda a lucratividade e a rentabilidade

Lucratividade

É mais que natural que a gestão queira saber como anda o desempenho financeiro da empresa para identificar se os esforços têm dado resultados positivos ou se é preciso fazer alguma correção. Nesse contexto, é importante conhecer a lucratividade para mensurar a própria eficiência da organização. Com esse dado em mãos, o gestor tem uma espécie de radiografia da situação financeira do empreendimento.

Podemos definir lucratividade como a medida percentual do lucro líquido em relação à receita bruta total do negócio em determinado período. Dessa forma, o empresário pode avaliar quanto ganhou para cada X reais recebidos. O cálculo da lucratividade é simples: basta dividir o lucro líquido pela receita bruta total e multiplicar esse resultado por 100. A fórmula fica assim:

Lucratividade = lucro líquido ÷ receita total × 100 

Se uma empresa obteve 300 mil reais de lucro líquido em um mês para uma receita bruta total de 3,2 milhões, por exemplo, o cálculo ficaria assim:

Lucratividade = 300.000 ÷ 3.200.000 × 100
Lucratividade = 0,09375 × 100
Lucratividade = 9,375%

No fim das contas, portanto, a empresa alcançou uma lucratividade de aproximadamente 9,38%. Na prática, isso quer dizer que o proprietário desse negócio ganhou livremente cerca de 9,38 reais para cada 100 recebidos.

Veja um segundo exemplo mais prático, levando em conta unidades de produtos. Imagine que uma loja de calçados vende uma peça por 300 reais, mas sabe que, desse valor, 70 são destinados a pagamentos de impostos e outras taxas de tributação. Outros 100 reais vão para a compra de materiais e mão de obra para a confecção do produto. Assim, o lucro líquido sobre a mercadoria fica em 130 reais.

Se a loja vende 80 pares de calçados em 1 mês, tem um lucro líquido de 10.400 reais em uma receita total de 24 mil. No entanto, é preciso levar em conta também outros custos operacionais do empreendimento, como energia, água e internet. Considerando que tais despesas somem 2.400 reais, o lucro líquido é reduzido para 8 mil. Vamos aplicar a fórmula para descobrir a lucratividade:

Lucratividade = 8.000 ÷ 24.000 × 100
Lucratividade = 0,33 × 100
Lucratividade = 33%

Esses exemplos mostram bem como os valores podem variar, dependendo do mercado, das estratégias usadas, do estágio de maturidade e do porte da empresa. Mas qual é o nível de lucratividade ideal? Para você ter uma ideia, o indicado é que pequenas empresas mantenham uma lucratividade entre 5% e 20%.

É bem verdade que, para ser usada como subsídio para a tomada de decisões, a lucratividade deve refletir a situação financeira da organização. Nesse caso, como a medida depende do lucro líquido, é indispensável que sejam descontadas todas as obrigações da receita bruta total — como custos de produção, tributos, despesas para manutenção do empreendimento e assim por diante.

Para tanto, é essencial que a companhia disponha de demonstrações contábeis que retratem com fidelidade a movimentação financeira e patrimonial do negócio. Caso contrário, se algo fica de fora da conta, o gestor fará escolhas com base em informações distorcidas. Com isso, a organização pode ficar vulnerável no mercado.

Rentabilidade

Quando uma empresa é criada, geralmente o proprietário ou os sócios aplicam dinheiro do próprio bolso para formar o capital social. Vale lembrar que esse capital é necessário para o negócio entrar em atividade e caminhar de forma autônoma.

No universo das organizações privadas, os empreendedores enxergam as empresas como investimentos, buscando retorno financeiro sobre o capital inicialmente aplicado. Nesse ponto, já podemos entender o conceito de rentabilidade, que nada mais é que a relação do lucro líquido com a receita bruta total.

Aqui, basta dividir o lucro líquido pelo investimento no negócio e multiplicar o resultado por 100. A fórmula fica assim:

Rentabilidade = lucro líquido ÷ investimento × 100

Vamos supor que um empresário aplicou 250 mil reais do próprio bolso para abrir seu estabelecimento. Devido à alta demanda pelo produto comercializado, obteve um lucro líquido de 20 mil reais já no primeiro mês de atividade. Nesse caso, qual foi a rentabilidade? Veja só!

Rentabilidade = 20.000 ÷ 250.000 × 100
Rentabilidade = 0,08 × 100
Rentabilidade = 8%

Vale ressaltar que o cálculo do retorno sobre o investimento (ROI, na sigla em inglês) também é muito útil, servindo para descobrir o payback do negócio — tempo necessário para ter o capital inicialmente aplicado de volta.

Usando os dados do exemplo anterior, se a média de lucro líquido ficasse em 20 mil, isso significaria que o tempo de payback seria de 12 meses e meio, pois 250.000 ÷ 20.000 = 12,5. Isso significa que, em pouco mais de um ano, o negócio se pagaria!

De modo geral, o ideal é que pequenas empresas apresentem uma rentabilidade de 25% ao ano.

Diferencie um conceito do outro

Como você pôde notar até aqui, embora lucratividade e rentabilidade se relacionem com o lucro líquido, são métricas diferentes. Basicamente, a primeira está ligada mais ao curto prazo, enquanto a segunda, mais ao longo prazo.

Se a lucratividade está aquém das expectativas do empreendedor, ele pode agir para aumentar as receitas ou diminuir os gastos fixos e variáveis do negócio. É possível, por exemplo, reforçar a equipe de vendas ou tentar elevar a produtividade.

Outro aspecto que está diretamente ligado à lucratividade é o preço dos produtos e serviços. Por isso, é importante aprender a calculá-lo corretamente. Com isso, você saberá definir um preço de venda que traga um lucro interessante, ao mesmo tempo em que cobre os custos de produção, ampliando a margem de lucro e também a lucratividade.

Adicionalmente, podem ser analisados 2 outros fatores:

  1. fornecedor: bons parceiros podem apresentar vantagens interessantes, como um preço de custo menor em compras maiores;
  2. produtos e serviços de qualidade: itens que fornecem ao consumidor uma boa experiência de compra ganham a confiança do público, justificando um preço maior.

Contudo, para que qualquer ação gere o efeito desejado, deve-se tomar como base números reais, obtidos preferencialmente por meio de um sistema automatizado, que registre toda a movimentação de recursos da organização. Assim, o gestor pode acompanhar lucratividade e rentabilidade de uma só vez, a fim de controlar as atividades e melhorar os resultados.

Especificamente quanto à rentabilidade, ainda é possível mensurar o custo de oportunidade do próprio negócio, aquilo de que foi preciso abrir mão para tirar a empresa do papel — como uma aplicação financeira. Nesse sentido, a rentabilidade do empreendimento deve ser superior a outras formas de investimento para justificar a imobilização de capital e os riscos envolvidos na operação.

Além disso, quando a expectativa de rentabilidade é analisada na etapa inicial, ainda elaborando o plano de negócio que antecede a abertura da empresa, é possível até mesmo desistir da ideia, por exemplo, caso o tempo de retorno sobre o investimento seja grande demais, a ponto de não compensar a alocação de capital.

Assim, como a rentabilidade está relacionada ao investimento, é preciso gerenciar os recursos de modo inteligente, evitando gastos desnecessários e concentrando esforços para garantir tanto a continuidade quanto o crescimento do negócio. Isso engloba o investimento em pessoas qualificadas e motivadas, bem como em tecnologias que aprimorem a produtividade.

Como você pode perceber, lucratividade e rentabilidade são importantes conceitos de gestão financeira, destinados a finalidades distintas. Com esses números na palma da mão, o empresário terá um dashboard completo para poder planejar o negócio com mais previsibilidade e, assim, aumentar as chances de que as ações tomadas tragam os resultados esperados.

Vale ressaltar que as diferenças entre lucratividade e rentabilidade também devem ser analisadas de forma comparativa em relação à concorrência, ao segmento de mercado em questão e à economia como um todo.

Pense bem: negócios sazonais têm ganhos maiores em certos períodos, o que deve compensar o baixo desempenho em outros. Da mesma forma, indústrias têm lucratividade e retorno sobre o investimento diferentes de empresas de serviços. Afinal, fábricas geralmente requerem um grande capital para prover a infraestrutura do empreendimento. Fique de olho!

Como mostramos, lucratividade e rentabilidade são indicadores financeiros essenciais para avaliar a saúde financeira do negócio e, a partir disso, tomar decisões que contribuam para seu crescimento sustentável. Afinal, não dá para gerenciar uma empresa sem contar com informações tangíveis e fidedignas, não é mesmo?

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