Gestão Contábil

Compliance e contabilidade: como funciona e que oportunidades podem criar?

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Compliance e contabilidade são uma dobradinha poderosa e indispensável em contextos cada vez mais competitivos. Isso porque, no Brasil, fazer negócios é uma tarefa extremamente árdua em virtude da complexidade do sistema tributário e da burocracia. É o que diz o ranking Doing Business, do Banco Mundial, no qual estamos em uma preocupante 124ª posição de 190 países.

Portanto, quanto mais mecanismos de controle e gestão a empresa tiver, menos exposta aos riscos ela estará. O compliance contábil entra justamente nesse momento, já que vem a ser o “braço” que ajuda a lidar com as regras em geral. Entenda a seguir como ele pode ser aplicado em seu negócio!

O que é compliance contábil e como aplicamos na contabilidade?

Compliance é um ramo da gestão de empresas que se dedica a zelar pelo cumprimento de leis e normas. O termo vem do verbo em inglês “to comply”, cuja tradução livre é “fazer cumprir”.

Nesse sentido, a contabilidade em empresas é um dos setores mais visados pelos profissionais de compliance, afinal, é nela que se encontra o maior potencial de violar regras. Cabe ressaltar que a mesma pesquisa Doing Business constatou que, no Brasil, os negócios gastam mais de 1500 horas por ano apenas na apuração e no pagamento de impostos e tributos.

Qual a importância do compliance na contabilidade?

Considerando a grande complexidade do nosso sistema, a Reforma Tributária, já em curso, vem cercada de muita expectativa. Mas, enquanto ela não vira uma realidade, é preciso colocar a mão na massa desde já. Assim, é possível evitar que essas dificuldades não prejudiquem a empresa — reduzindo sua margem de lucro.

Portanto, o compliance contábil vem a ser a melhor resposta para o desafio de proteger o negócio dos efeitos de uma legislação burocrática por natureza. Seus profissionais atuam a fim de que essas leis sejam corretamente interpretadas e, em seguida, cumpridas rigorosamente.

Desse modo, o compliance não só evita sanções e penalidades, como pode vir a ser um aliado dos mais importantes no contexto corporativo. Isso porque ele vai além de um “fiscal”, atuando proativamente ao tratar das seguintes questões.

Identificação de riscos que comprometem o negócio

A dupla compliance e contabilidade ajuda, em primeiro lugar, a identificar potenciais ameaças que, no médio e longo prazo, podem colocar uma empresa em risco. Nesse caso, ela poderia, por exemplo, detectar os impactos de um aumento de alíquota previsto antes que o negócio seja taxado.

Também dá para auxiliar no sentido de identificar eventuais gargalos por onde o dinheiro da empresa escoa. No âmbito contábil, um desses possíveis obstáculos é o não aproveitamento de créditos concedidos em impostos, como o IPI ou o ICMS.

Redução de incidência de fraudes

Com a Lei Geral de Proteção de Dados em vigor — a LGPD —, o governo passará a ser muito mais rigoroso em relação ao uso que se faz de informações confidenciais. Aliás, nesse aspecto, vale destacar o que diz uma pesquisa publicada pela Forbes.

De acordo com o levantamento, 75% dos escritórios contábeis no Brasil não contam com um departamento específico de tecnologia. Ou seja, enquanto a lei está apertando o cerco, a área contábil ainda se encontra atrasada em relação a aspectos tecnológicos básicos, a exemplo da implementação de um time de TI.

Um cenário desses é propício à incidência de fraudes, já que a falta de apoio de profissionais de tecnologia deixa as empresas vulneráveis à ação de hackers, por exemplo. Tudo isso aumenta a necessidade de, primeiramente, estruturar a parte tecnológica e digital. Não menos importante, faz-se necessário implementar um setor de compliance de modo a lidar com a LGPD e outras normas.

Prevenção de desvio de recursos

Como vimos, é preciso evoluir muito no que diz respeito à tecnologia e sua aplicação nas rotinas contábeis. Enquanto não alcançamos o patamar ideal, o compliance é a melhor garantia de que possíveis vulnerabilidades não coloquem a empresa em risco perante os órgãos de controle do governo.

Aqui, outra pesquisa que merece destaque é o relatório “Vigilância Contra Fraudes no Brasil 2019”, da Deloitte. Embora 90% das empresas tenham respondido que têm algum sistema ou ferramenta de investigação de fraude, em apenas 52% delas são feitos treinamentos de compliance. Logo, há um gap que precisa ser preenchido nesse segmento.

Então, não basta apenas estar atento às fraudes, que levam a desvios de recursos. Antes, é necessário contar com os mecanismos certos de prevenção, afinal, muito melhor do que procurar por culpados de um crime é evitar que ele aconteça, certo?

Melhoria na tomada de decisão

Os profissionais de compliance também podem trazer insights valiosos ao processo decisório, influenciando diretamente no planejamento tributário, entre outros componentes da gestão. Afinal, espera-se que esse nicho trabalhe com dados e, em uma cultura Data Driven, quem decide com base em informação confiável tem tudo para prosperar.

Imagem positiva da empresa

No fim das contas, empresas que mantêm departamentos e profissionais de compliance tendem a ser vistas com bons olhos pelo mercado e por clientes. Veja, por exemplo, o que faz a bolsa de valores brasileira, a B3.

Anualmente, ela divulga um relatório de transparência, no qual mostra seus resultados e o Inventário de Emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Dessa maneira, ela se mostra não apenas comprometida com seus clientes, mas com a sociedade em geral e a manutenção do meio ambiente.

Outro bom exemplo vem do Clube de Regatas do Flamengo, um dos primeiros clubes de futebol do Brasil a manter uma página dedicada à transparência e governança. Assim, tanto a B3 quanto o Flamengo mostram a possíveis investidores uma poderosa mensagem: ao formar parcerias, eles poderão ter certeza de que estarão junto a marcas que jogam conforme as regras e se preocupam em fazer sua parte.

Como a empresa pode adotar o compliance na contabilidade?

Embora cada caso seja um caso, a adoção de um departamento de compliance contábil pode ser feita da seguinte forma:

  • contratação de especialistas e de um corpo profissional qualificado;
  • inclusão das lideranças e colaboradores interessados no processo;
  • montagem de programas de treinamento por área e por equipes de ajuste a possíveis mudanças em processos e operações;
  • oferecimento de infraestrutura e materiais adequados à nova realidade, se necessário;
  • revisão permanente das práticas em compliance e contabilidade para possíveis melhorias.

De qualquer forma, um setor de compliance e contabilidade bem estruturado é aquele que segue a norma ISO 19600:2014, dedicada exclusivamente a essa especialidade. Sendo assim, ao buscar por profissionais, procure certificar-se de que eles trabalham de acordo com os padrões exigidos por essa norma, combinado?

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Sobre o autor
Diretor da Vertical Contábil da Alterdata.
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