Sejam relativas ao cenário externo ou às próprias características internas das empresas, as instabilidades e inseguranças sempre existirão no mundo corporativo. Por essas e outras razões é que a mitigação de riscos vem ganhando cada vez mais importância na gestão empresarial.
Trata-se de uma estratégia considerada como a chave para o sucesso da sua empresa, já que ela pode significar a sobrevivência no mercado. Por isso, é fundamental conhecer o seu conceito e aplicações para saber como enfrentar as ameaças internas e externas que podem comprometer a organização.
Neste artigo, vamos explicar o conceito de mitigação, objetivos, tipos de riscos, vantagens, planejamento, passo a passo para a implementação e prática da mitigação de riscos para a empresa se preparar frente às adversidades. Continue a leitura e saiba mais!
O que significa mitigar riscos?
É importante entender que mitigar riscos não significa necessariamente eliminá-los por completo, mas sim atenuá-los de maneira estratégica, evitando que eles aumentem de proporção e se tornem grandes prejuízos. Dessa forma, a ideia é tornar esses riscos os menores possíveis ou, ainda, fazer com que seus efeitos sejam controlados.
O conceito de mitigação de riscos vem do setor financeiro, ainda na década de 1990, quando os bancos perceberam que não poderiam escapar de alguns desafios do setor. Mesmo assim, porém, era preciso se preparar para diminuir problemas em potencial. Logo o conceito se espalhou por outros segmentos, sendo hoje praticado por diversos tipos de empresas, desde a construção civil a negócios de Tecnologia da Informação.
Quais os objetivos de mitigação nos negócios?
Os objetivos específicos do processo da mitigação de riscos variam de acordo com o segmento e tamanho da empresa, mas, em geral, ele visa reduzir, evitar ou amenizar qualquer tipo de ameaça, seja interna ou externa. Isso pode ser conseguido por meio de ações estratégicas que preservam a imagem e o funcionamento da organização.
Quais são os riscos que podem ser mitigados?
Há vários riscos internos e externos que podem prejudicar uma empresa, e seja qual for a origem da ameaça eles podem ser mitigados. Veja, a seguir alguns dos principais aspectos que podem ser amenizados, evitados ou anulados por meio de análise e planejamento.
Riscos fiscais
Esse tipo de risco diz respeito a erros fiscais que podem ocorrer com as obrigações legais, como declarações e impostos. Exemplo disso é entregar uma declaração com dados errados ou fora do prazo e ser penalizado com multa. Outra situação é não emitir notas fiscais conforme determina a lei, o que gera uma possível acusação de sonegação.
Riscos operacionais
São aqueles decorrentes de falhas nos processos internos, externos, de pessoas e sistemas. Nesse sentido, um posto de gasolina corre o risco de explodir caso o combustível não seja armazenado de maneira adequada. Da mesma forma, um banco corre maior risco de ser assaltado quando não conta com um sistema de segurança eficaz.
Riscos estratégicos
Nesse aspecto, o foco deve ser no acompanhamento de fatores que possam prejudicar o alcance dos objetivos estratégicos, já que representam a sobrevivência e a sustentabilidade da empresa. Para isso, é importante que a organização tenha metas, missão, visão e valores bem definidos, pois são nesses fatores que ela precisará se apoiar para implementar todas as ações necessárias.
Riscos financeiros
À medida que os negócios crescem, a gestão financeira fica mais complexa e vulnerável a riscos, como erros no fluxo de caixa. Assim, para evitar tais problemas, o gestor precisa reajustar prazos e pagamentos de fornecedores, além de economizar com despesas corriqueiras, como contas de luz e água.
Riscos cibernéticos
Ter um comportamento digital seguro e investir na proteção dos sistemas da empresa, com antivírus e firewalls, é fundamental para evitar que informações importantes sejam roubadas por pessoas mal-intencionadas.
Isso porque os ataques cibernéticos ocorrem a qualquer momento. Daí a necessidade de fazer um bom planejamento e investir em softwares específicos para evitar esse tipo de risco que pode, inclusive, provocar a falência de uma empresa com o roubo de dados ou até mesmo envolvê-la em processos criminais por vazamento de informações dos clientes.
Riscos no ambiente de trabalho
Envolvem a saúde ocupacional dos colaboradores, como ruídos e temperaturas extremas, químicos (substâncias tóxicas) e biológicos (vírus, bactérias e protozoários). Além disso, há os riscos ergonômicos (repetitividade de atividades e postura inadequada) e de acidentes (explosões, quedas e incêndios).
Quais são as vantagens da mitigação de riscos?
A princípio, o conceito de mitigação de riscos pode parecer improcedente. Afinal, por que só diminuir a possibilidade de problemas se o ideal seria eliminá-los por completo? A verdade é que alguns riscos não podem ser eliminados totalmente. Entretanto, isso não pode significar que a empresa deve se omitir. Com a mitigação de riscos, é possível obter algumas vantagens reais, como as que comentamos a seguir.
Reduz falhas
A mitigação de riscos tem como base a correção constante de processos e políticas. Isso significa que todas as atividades da empresa passam a ser otimizadas para evitar que riscos potenciais floresçam e se tornem muito impactantes.
O resultado é uma empresa com um baixo índice de erros, segurança jurídica e operacional, além de proporcionar de maneira indireta maior eficiência na entrega de resultados e produtividade.
Combate fraudes
Fraudes são dificuldades silenciosas que representam situações delicadas da empresa. Afinal, estamos falando de problemas causados por membros da própria equipe que podem prejudicar a organização de modo global.
Em geral, os fraudadores usam brechas de segurança da empresa para cometer ilegalidades. E essas brechas só são fechadas ou diminuídas com a ajuda de um bom plano de mitigação de riscos.
Preserva a imagem
Quando riscos se concretizam em problemas, os resultados são desastrosos — especialmente em relação à perda de lucro ou receita. Mas também existe um efeito colateral tão prejudicial quanto uma perda financeira, que é o abalo da reputação da organização.
Lembre-se de que o reconhecimento da marca é um dos principais patrimônios imateriais de qualquer empresa. Assim, atuar para diminuir riscos também significa agir para que a imagem corporativa não seja gravemente arranhada mesmo quando um erro acontece, já que a gestão de riscos é uma prova de que a empresa não se omite diante de desafios.
O que é um plano de mitigação?
Planejar é a melhor maneira de mitigar riscos. Quando geramos planos refinados e sucessivos, aumentamos a nossa base de informação e conhecimento. O plano de mitigação é uma forma explícita para reduzir incertezas ao longo dos ciclos do PDCA.
Ele informa o andamento a todos os envolvidos, gera confiança, facilita e agiliza a tomada de decisão. Isso porque, por meio do planejamento, conseguimos desenvolver a habilidade para identificar riscos, prever quando eles podem ocorrer, avaliar os possíveis impactos, bem como formas de tratar ou anular as ameaças.
Por onde começar a mitigar?
A mitigação de riscos é um processo que envolve uma política de ação e estágios de preparo e atuação. Nesse sentido, antes de atenuar efetivamente o risco, há etapas que devem ser cumpridas, como:
- reunir informações para entender o atual cenário da empresa no mercado;
- analisar eventuais contratempos que podem ocorrer, identificando quais devem ser evitados e quais valem o risco.
A elaboração de um diagnóstico geral do negócio também é vital e deve atingir desde os recursos humanos até o marketing, a fim de obter uma visão global da situação. A próxima etapa deverá ser a montagem de um plano de ação. Para isso, é necessário avaliar com cuidado quais mudanças devem ser implementadas para mitigar os riscos já identificados e anotados.
Como implementar o plano de mitigação de riscos?
Com a reunião dos dados levantados, chegou a hora de descobrir como uma gestão de riscos eficiente deve ser implementada. Veja a seguir o passo a passo!
Identifique os riscos
O primeiro passo para mitigar riscos é efetivamente conhecê-los. Para isso, é importante que a empresa faça um diagnóstico de suas fraquezas internas — como processos mal estruturados ou falta de diretrizes para funcionários em situações específicas.
Além disso, é preciso identificar as ameaças externas, como uma mudança na legislação ou a alteração das boas práticas recomendadas para o setor. A partir daí, já é possível visualizar o que pode dar errado e, então, elaborar planos de ação para lidar com essas eventualidades.
Analise e categorize os riscos
Identificar todos os riscos que ameaçam a empresa é fundamental, mas também é preciso estratificar esses problemas levando em conta sua natureza. Para isso, basta responder algumas perguntas:
- Esse risco é imediato?
- Caso ele se concretize, qual o tamanho do seu impacto negativo para a empresa?
- O risco é de fácil combate ou exige soluções complexas?
Essa análise dá ao negócio a capacidade de definir prioridades para combater problemas e ajudar a iniciar a execução do plano de ações.
Tenha um plano de ação
A elaboração do plano de ações é um momento-chave na mitigação de riscos. É aqui que realmente será definida a forma como os problemas vão ser combatidos para, assim, garantir a segurança operacional e a imagem da empresa. Essa etapa deve ter como base o diagnóstico prévio feito pela empresa, garantindo que as decisões sejam realmente efetivas.
Entre outras coisas, o plano de ações pode prever atitudes como a mudança de maquinário, novos treinamentos para funcionários, alteração de diretrizes de atuação e até um redesenho completo da governança corporativa. Nesse sentido, é importante que o plano seja fundamentado em metas e objetivos mensuráveis, como a diminuição do tempo de parada na linha de montagem em uma empresa causada por falhas no processo.
Acompanhe resultados
Mas, atenção: um plano de ações só vale quando traz resultados reais. Portanto, acompanhar as próprias métricas estabelecidas é uma maneira bastante útil de verificar se o que foi colocado no papel está realmente causando impactos.
O acompanhamento dos resultados deve ser feito de forma recorrente e, se possível, em tempo real. Assim, dá para corrigir o planejamento ineficaz mesmo antes do ciclo de mitigação de riscos terminar.
Repita os passos anteriores
A mitigação de riscos não deve ser encarada como uma ação pontual, destinada a identificar e combater um único problema. Afinal, as inseguranças na atuação da empresa nunca cessam. Por isso, contar com uma gestão de riscos constante é a maneira mais segura de garantir que, em qualquer que seja o contexto, a empresa estará preparada para manter sua estabilidade e diminuir impactos negativos.
Assim, o diagnóstico, a análise e a categorização de riscos, bem como a criação de planos de ação devem ser repetidos de forma consistente, sempre aprimorando o que foi feito nos passos anteriores.
Utilize a tecnologia ao seu favor
Com o volume de dados levantados e a necessidade de gerar relatórios de gestão, que permitem análises e tomada de decisões, é essencial contar com a tecnologia. Esse é um aspecto cada vez mais presente nas empresas, já que, dessa forma, todo o processo de TI tem uma relação direta com diferentes setores.
Nesse sentido, o trabalho terceirizado de softwares especializados podem ajudar de maneira eficiente a lidar com os dados de um modo mais seguro, sem demandar o tempo que seria necessário para fazer os mesmos serviços manualmente.
Além disso, um software especializado é fundamental para o processo de mitigação de riscos, já que ele possibilita a localização e o armazenamento de maior volume de informações sobre planilhas, custos, dados sobre a concorrência e indicadores econômicos. Ele também sistematiza as informações, possibilitando a utilização dos resultados para tomada de decisões, por meio da geração de diferentes tipos de relatórios.
Como aplicar a mitigação de riscos na prática?
A mitigação na prática pode ser exemplificada por riscos no ambiente de trabalho. Uma empresa que valoriza a saúde e o bem-estar da equipe entende que a qualidade de vida dos seus colaboradores afeta diretamente todos os aspectos do negócio.
Por outro lado, quando a organização não se envolve ativamente na melhoria da saúde da equipe, pode ser ameaçada por diversos riscos, como altas taxas de absenteísmo, falta de engajamento e ações trabalhistas.
A partir dessa consciência, surge o reconhecimento da importância da mitigação de riscos à saúde no ambiente de trabalho. Ao realizar essa ação é possível reduzir a sinistralidade dos planos de saúde, evitando reajustes nos valores da mensalidade.
Boas práticas da mitigação de riscos
Para colocar em prática a mitigação de riscos no ambiente de trabalho é preciso adotar as seguintes avaliações e ações quanto aos seguintes aspectos:
- conscientização dos colaboradores — implementar palestras sobre segurança, elaborar e divulgar um mapa de risco;
- Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) — orientar os funcionários sobre o uso adequado dos EPIs;
- Equipamentos de Proteção Coletiva (EPCs) — é fundamental para a segurança no trabalho o conhecimento e utilização desses equipamentos;
- inspeções e análises — para identificar e mapear os riscos de acidentes e doenças;
- médicos consultores ou contratados — para garantir um acompanhamento periódico de sinistralidade, a fim de proteger a saúde física e psicológica do trabalhador com o atendimento primário, evitando reajustes elevados nos planos de saúde;
- incentivos para uma vida saudável — estimular a adoção de hábitos saudáveis reduz os riscos do aparecimento de doenças e o absenteísmo;
- medidas de segurança em pandemias como a do coronavírus — conscientização dos colaboradores, adoção de quarentena, com a implantação de trabalho em home office.
Como vimos, a mitigação de riscos é de extrema importância para a segurança e sobrevivência das empresas no mercado. Além de prevenir eventuais prejuízos, a aplicação dessa estratégia garante o bom funcionamento da organização e o aumento da sua competitividade.
Gostou deste artigo? Saiba agora como e por que fazer análise de risco em sua empresa!
Excelente abordagem e explanação do tópico. Altamente didática.
Muito obrigado, Natalício! 😉