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Setor de serviços cresce 2,3% em 2023

4 Mins de leitura

Os últimos anos foram desafiadores para o setor de serviços no país, principalmente devido à pandemia. Se por um lado o vírus trouxe instabilidade nas vendas, por outro também impulsionou adaptações e mudanças importantes que acabaram destacando determinados segmentos, como o setor de serviço, que foi totalmente reformulado.

Os bons frutos decorrentes de um esforço contínuo para se destacar no mercado geraram resultados positivos. Dados apontam um crescimento de 2,3% em 2023, marcando o terceiro ano consecutivo de expansão no setor. Em dezembro do ano passado, o volume de serviços avançou 0,3%, registrando o segundo resultado positivo consecutivo. Esse desempenho contribuiu para uma recuperação significativa, compensando parte da queda de 2,1% observada entre agosto e outubro.

Fatores importantes

Porém, os números também revelam fatores preocupantes. Comparado a dezembro de 2022, houve um recuo de 2,0% nos serviços, o mais acentuado desde janeiro de 2021, quando a queda foi de 5,0%. No acumulado dos últimos 12 meses, houve uma desaceleração do ritmo de crescimento dos serviços, de 3,1% em novembro para 2,3% em dezembro de 2023. Esses dados foram divulgados pela Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A série histórica revela que, com o aumento de 0,3% em dezembro, o setor de serviços está 11,7% acima do nível pré-pandemia de fevereiro de 2020, mas ainda 1,7% abaixo do pico registrado em dezembro de 2022.

O IBGE destaca que a última vez que o setor de serviços teve crescimento por três anos consecutivos foi entre 2012 e 2014, com um ganho de 11,3%. Já no período atual, de 2021 a 2023, o avanço foi ainda mais significativo, alcançando 22,9%. No entanto, o crescimento de 2,3% em 2023 foi o menor dessa sequência, com altas de 10,9% em 2021 e 8,3% em 2022.

Segundo Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do Instituto, houve um crescimento robusto em 2021 e 2022, criando uma base de comparação elevada, impulsionada pela recuperação pós-pandemia e pelos ganhos extraordinários em serviços de tecnologia da informação e transporte de cargas. Portanto, o crescimento registrado em 2023 sobre esses anos excepcionais é bastante significativo.

Atividades

A Pesquisa Mensal de Serviços revelou que quatro das cinco atividades analisadas apresentaram taxas positivas em 2023. Além disso, dentro das 166 categorias de serviços avaliadas, 55,4% registraram crescimento notável. Destacam-se os setores de informação e comunicação (3,4%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (3,7%), que se destacaram como os principais impulsionadores desse crescimento.

No setor de informação e comunicação, o aumento das receitas em telecomunicações, desenvolvimento de softwares e programas de computador sob encomenda, tratamento de dados e serviços de hospedagem na internet foram os principais impulsionadores desse crescimento.

Por outro lado, no segmento de serviços profissionais, administrativos e complementares, a expansão foi impulsionada pela locação de automóveis, serviços de engenharia, atividades de intermediação de negócios, agências de viagens, entre outros.

O gerente da pesquisa destacou que essas atividades ganharam força no contexto pós-pandemia, elevando o setor de serviços a níveis significativos. Houve um aumento considerável nos serviços de TI, especialmente voltados para empresas.

Nesse cenário, o transporte rodoviário de carga desempenhou um papel crucial, contribuindo para o crescimento de 1,5% nas atividades, serviços auxiliares aos transportes e Correios. Esse setor experimentou um crescimento inicial impulsionado pelo comércio eletrônico e ganhou novos impulsos com a expansão da produção agrícola, exigindo o transporte de insumos e escoamento da colheita.

Famílias

Os serviços destinados às famílias apresentaram um aumento significativo de 4,7%, encerrando o período com resultados positivos. Por outro lado, o setor de outros serviços foi o único a registrar uma queda de 1,8%. Isso se deve principalmente à diminuição da receita proveniente de serviços financeiros auxiliares, administração de fundos, corretoras de títulos e valores mobiliários, e administração de bolsas e mercados de balcão.

Segundo pesquisa, o desempenho de 2023 seguiu a tendência observada em 2022. Assim, com a recuperação após o isolamento da pandemia, houve uma redistribuição da renda disponível das famílias, resultando em uma redução nas aplicações financeiras e um aumento no consumo de bens e serviços, que estavam mais contidos durante períodos de incerteza.

Estados

Dentre as 27 unidades da federação, 25 apresentaram um aumento na receita real de serviços em 2023. Destacam-se, por exemplo, os resultados positivos em Minas Gerais (7,7%), Paraná (11,2%), Rio de Janeiro (3,3%), Mato Grosso (16,4%), Santa Catarina (8,0%) e Rio Grande do Sul (4,4%). No entanto, São Paulo (-1,8%) e Amapá (-2,2%) registraram quedas nesse indicador.

Além disso, um marco importante foi atingido em dezembro de 2023, quando o setor de serviços prestados à família ultrapassou o nível pré-pandemia pela primeira vez. Esse setor, que vinha recuperando-se gradualmente, registrou um aumento de 3,5% nesse mês, alcançando seu maior patamar desde fevereiro de 2016.

O pesquisador Rodrigo Lobo destacou, ainda, as mudanças nas atividades desse setor, como a ascensão dos serviços de entrega por aplicativos. Segundo ele, essas mudanças impactaram positivamente a receita mesmo diante das perdas dos restaurantes.

Apesar da retomada do turismo impulsionar o setor de alojamento e alimentação, fundamentais para os serviços à família, a transição gradual para o trabalho presencial ou híbrido ainda limita o ritmo de recuperação.

Lobo ressalta, também, que o trabalho remoto ainda é relevante, afetando a distribuição de receita entre serviços (restaurantes) e comércio (supermercados), sendo um fator que influencia o cenário atual.

Alta nos transportes

Os setores de transportes também foram destaque com a alta de 1,3%. Essa melhora interrompe uma sequência de campos negativos seguidos, que resultou em perda acumulada de 5,4%. Em movimento contrário, com variação de 0,2%, a atividade de serviços de informação e comunicação teve a terceira taxa positiva seguida. O ganho acumulado ficou em 1,8%. No entanto, as quedas foram notadas em serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,7%) e nos outros serviços (-1,2%).

Também em dezembro, 18 das 27 unidades da federação acusaram crescimento. “A alta mais importante veio de São Paulo (0,6%), seguido por Distrito Federal (2,8%), Santa Catarina (1,8%) e Paraná (0,8%). Em contrapartida, Rio de Janeiro (-2,6%), seguido por Minas Gerais (-1,4%), Mato Grosso (-2,6%) e Mato Grosso do Sul (-4,1%) foram as principais quedas”, informou o IBGE.

Na comparação de dezembro de 2023 com dezembro de 2022, a pesquisa mostrou evolução de 1,4%, sendo a 33ª taxa positiva seguida.

Indicadores do setor de serviços

A Pesquisa Mensal de Serviços produz indicadores para o Brasil, o que permite acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no país. Portanto, esses dados são essenciais para entendermos a dinâmica e o impacto desse setor vital na economia do país.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br

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