“Empreender é uma escolha, ser empresário é um compromisso.”
Essa frase, que repito com frequência nos bastidores da Contabilidade e nas rodas de conversa entre empresários, carrega em si um universo de significados. Porque empreender é quase uma febre: uma ideia, uma vontade, uma urgência de liberdade. Mas ser empresário… ah, isso é outro nível. É como a diferença entre apaixonar-se e construir um casamento. A paixão te move, mas é a responsabilidade que te sustenta.
Aqui quero abrir contigo: leitor, sonhador, batalhador, a caixa de ferramentas que fui construindo ao longo dos anos. Ferramentas que não estão nos cursos tradicionais, nem nos vídeos de gurus que vendem sucesso rápido. Quero falar da vida real. Da transformação profunda e silenciosa que acontece quando um empreendedor decide, de verdade, virar empresário.
Empreender é uma explosão de ideias. É aquele frio na barriga que te faz sair da zona de conforto. É vender brigadeiro na faculdade, criar um perfil no Instagram para vender bolo de pote, abrir um CNPJ MEI para prestar serviço de design ou montar um brechó no quarto de casa. É sobreviver no caos com criatividade.
E que bom que existe essa energia. O Brasil é o país do improviso criativo, e é por isso que temos tantos empreendedores. A dificuldade nos obriga a inventar.
Mas o problema começa quando essa fase inicial se estende demais. Quando o “dar um jeitinho” vira modelo de negócio. Quando o empreendedor se perde na operação e esquece da gestão. Quando ele troca a CLT por um CNPJ, mas leva junto a mentalidade de sobrevivência.
Empreendedores vendem. Empresários constroem.
Todo empreendedor, em algum momento, vai escutar um chamado. Às vezes, ele vem disfarçado de crise financeira. Às vezes, aparece quando o negócio cresce mais do que se esperava e tudo vira um caos. Em outras, é a exaustão mental e física que denuncia: você criou um monstro que te engole todos os dias.
É nesse ponto que muitos desistem. Porque é mais fácil voltar a vender pelo WhatsApp do que estudar fluxo de caixa. É mais confortável continuar fazendo tudo sozinho do que aprender a delegar. É mais simples culpar o governo, o mercado ou o cliente do que encarar a verdade: você não quer ser empresário, você quer continuar brincando de empreender.
E aí, meu amigo, minha amiga, entra a escolha. A grande virada. O divisor de águas. É aqui que você decide: ou você vira o Empresário da sua vida, ou vira estatística de empresa que fecha antes dos 5 anos.
Transformar-se em empresário é como trocar o motor de um avião em pleno voo. Você continua com contas a pagar, clientes a atender e uma equipe que te cobra respostas, mas agora precisa pensar no negócio como um sistema e não como uma extensão da sua força de vontade.
O empresário para de apagar incêndios e começa a mapear riscos. Ele investe em processos, em indicadores, em cultura organizacional. Ele sai da execução e entra na gestão.
E aqui está o segredo: ser empresário é menos sobre fazer e mais sobre decidir. É menos sobre saber tudo e mais sobre montar um time que te complementa. É menos sobre estar em todas as reuniões e mais sobre criar um sistema que funcione mesmo quando você não está presente.
Vou abrir um pouco do bastidor, porque você precisa saber que esse papo aqui não é só teoria bonita.
Quando fundei a Invest Contabilidade com meu sócio Murilo, eu ainda era muito mais empreendedor do que empresário. A gente fazia acontecer na raça. Cada um vestindo cinco chapéus, correndo contra o tempo, tentando equilibrar os pratinhos.
Mas teve um dia em que a ficha caiu. Lembro de chegar no escritório depois de uma semana pensativa naquela manhã, entendi: ou eu assumia a posição de líder estratégico, ou tudo poderia desabar.
Foi quando comecei a estudar liderança de verdade. A ouvir mais, delegar melhor, entender sobre cultura, contratar com mais critério e parar de salvar o mundo sozinho. Ali nasceu o empresário dentro de mim.
Como embaixador da Alterdata, posso afirmar com segurança: tecnologia não é mais luxo, é necessidade. Um bom ERP (Sistema de Gestão) pode ser a diferença entre um empresário desesperado e um empresário estratégico.
Mas mais do que isso, a educação precisa ser contínua. Ler, ouvir, estudar, se cercar de bons mentores. Não dá para ser empresário analógico em um mundo digital. Não dá para liderar com a cabeça de 2010 em um mercado que muda toda semana.
O maior erro que muitos cometem é achar que ser empresário é ter liberdade. E é mesmo, mas não no começo. No começo, você tem um compromisso com uma visão. Com um time. Com um legado. Empresário é aquele que entendeu que sua empresa é maior do que seu CPF.
É quem acorda todos os dias com a pergunta: “Como posso fazer isso aqui durar mais que eu?”
E isso é lindo. Porque não é sobre ficar rico. É sobre deixar rastro. Impactar. Inspirar. Gerar emprego. Transformar realidades.
Se você está lendo esse e se sentindo exatamente entre um estágio e outro, quero te dizer: está tudo bem. É um processo. Mas comece hoje a dar passos em direção à sua nova identidade.
Eu acredito profundamente que o Brasil só vai mudar quando a gente mudar a forma como encara o papel do empresário. Precisamos deixar de romantizar a figura do herói solitário e começar a valorizar o gestor que constrói algo maior que si mesmo.
Empreender é o início. Ser empresário é o destino. E como todo destino, exige mapa, bússola, paciência e coragem.
Se esse leitura te cutucou, ótimo. Era esse o meu objetivo. Porque não se trata só de abrir um CNPJ. Trata-se de abrir espaço dentro de você para se tornar aquilo que sua empresa precisa.