Para sairmos de um lugar e irmos para outro é necessário mudar; para sairmos de um emprego para outro é importante alterar algo; para sair de um casamento para outro é necessário fazer mudanças. Mudar é um requisito que faz parte da vida de quem pretende estar em uma posição melhor e mais feliz. Contudo, este processo não é fácil: nem para o condutor da mudança, nem para o conduzido no processo.
Dentro de uma empresa, no atual estágio de competição, uma mudança ágil é um grande diferencial competitivo. Contudo, uma companhia é feita de pessoas e a essência da evolução do negócio está nestes profissionais aceitarem e se engajarem no processo. Observo com frequência empresários que se desesperam dizendo que têm uma equipe fraca e que não reage na velocidade desejada, quando é sabido que em muitos casos o problema está no condutor do processo evolutivo.
O ser humano é um animal como qualquer outro, funciona melhor sob condicionamento, isso vale tanto para o condutor como para o conduzido, que precisam de boas rotinas para estar em um ciclo positivo. Isso vale também para o processo de mudança, visto que num ambiente altamente estável é mais difícil mover-se do que num ambiente que se movimenta naturalmente para a mudança. Desta forma, uma das primeiras coisas que devem ser revistas é a necessidade de o condutor continuamente retirar sua equipe da zona de conforto, não deixá-la acomodar-se em rotinas. Deixar claro para todos que a organização valoriza o processo de mudança contínua, estimular a equipe a criar e dar dicas para o processo de alteração de rotinas, tarefas, formas de funcionamento…
Às vezes, somos condutores e conduzidos de nós mesmos e, para isso, a nossa disciplina precisa ser maior ainda.
O normal do conduzido é querer resultados no curto prazo, recompensas rápidas e diárias. Assim, o condutor também os quer, mas no longo prazo. Sacrifícios de ambos os lados são necessários o tempo todo. Às vezes, ocorre que o que aparenta ser um problema das pessoas é uma dificuldade da situação. Estudos psicológicos demonstram que os seres humanos ficam presos em situações por questões emocionais e não práticas ou lógicas. Muitas vezes o comportamento que faz determinada pessoa ficar presa em certo contexto não faz sentido, mas é uma caraterística humana e não do indivíduo em si. Assim, o condutor deve mudar a situação para facilitar a vida dos conduzidos: quanto mais ele esperar que a equipe mude sozinha, mais dificuldades todos terão.
Por esta razão, quando o condutor e o conduzido são a mesma pessoa, como acontece no processo de divórcio, tudo fica mais complicado. A insegurança de trocar o ambiente já conhecido, mesmo que não goste, por um ambiente novo e diferente, que não sabe se gostará, é uma grande interrogação. Neste caso pessoal, é importante separar o passado do futuro, é imprescindível esclarecer o que o prende a um passado de que não gosta, para refletir sobre a entrada num futuro que poderá ser venturoso. Quando é necessário resolver a incerteza do futuro, o processo de mudança torna-se sensivelmente mais complicado.
O condutor deve ter cuidado para não julgar como preguiça da equipe o que na verdade pode ser EXAUSTÃO. O cansaço pode levar a interpretações errôneas, pode diminuir a produtividade e, desta forma, o ideal é escutar a equipe o tempo todo. Deixar tudo em pratos limpos certamente contribuirá para o sucesso da comunicação, fazendo com que todos saibam para onde a empresa vai.
Desta forma, é muito importante INDICAR O DESTINO, demonstrar para a equipe sempre que para chegar onde se quer é preciso dar os passos que a mudança exige. É importante o condutor entender que o natural da equipe é estar no automático, isto é, ir pelo caminho conhecido. Esta é a razão por que o condutor precisará fiscalizar por um bom tempo, para que todos tomem efetivamente o novo caminho, fazendo diferente, já que isso não se realiza num estalar de dedos.
Outro aspecto fundamental é ENCONTRAR O SENTIMENTO da equipe quando acontecer a mudança, pois só o conhecimento não é suficiente. É preciso fazer com que as pessoas sintam irritação, esperança, preocupação, entusiasmo, medo, felicidade, surpresa ou outra emoção qualquer, mas é
importante que sintam. O condutor não deve presumir que o fato de ter passado o que se deve fazer durante a mudança simplesmente será aceito, já que não é assim que o ser humano funciona.
Para facilitar a transição é importante que o condutor tenha a certeza de que precisará FORMAR BONS HÁBITOS, sobretudo quando os agentes estão acostumados com hábitos antigos e enraizados dos processos até então vigentes. As pessoas são incrivelmente sensíveis a normas e expectativas de seu entorno social e cultural, todos querem vestir a roupa adequada, dizer as coisas certas e frequentar os lugares certos. Tal comportamento é contagioso, daí a importância de desenvolver novos hábitos saudáveis.
Outra técnica que pode contribuir para o processo de mudança é FRAGMENTAR O OBJETIVO final em pequenos objetivos parciais. Às vezes, o processo de mudança é muito complexo no todo, sendo longo, difuso e até mesmo desestimulante. Porém, quando o condutor o fatia em pequenos objetivos que possam ser comemorados quando atingidos, motiva-se o grupo a entender que está vencendo etapas, que conquistou algo, facilitando alcançar objetivo.
Desta forma, quando estiver diante de um processo de mudança, não veja o problema como algo intransponível, pois o que pode estar faltando para o sucesso são técnicas para fazer com que tudo aconteça de uma forma planejada.