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Dica de Gestão #18: 4 coisas que um líder deve focar

Coisas que um líder deve focar

Não falta literatura sobre as habilidades que o líder deve ter para comandar solidamente uma equipe, porém nada melhor do que ter acesso ao resultado de uma pesquisa de cinco anos com 90 líderes top de linha para entender o que realmente eles possuem de diferente para fazer a magia acontecer.

Entender como pessoas de sucesso se comportam pode ajudar a compreender porque temos êxito ou não, permitindo que façamos os ajustes necessários em nossa carreira.

Interesso-me muito pelo assunto liderança, uma vez que isso é importante não apenas para mim, como um dos principais executivos da Alterdata Software, mas também para todos os líderes da companhia: sejam estes diretores, gerentes, supervisores, consultores, analistas de negócio, ou seja, todos os que comandam pessoas.

Recentemente, revendo matérias a respeito encontrei um estudo feito por Warren Bennis mostrando o resultado de uma pesquisa de cinco anos com 90 líderes dos setores público e privado nos EUA. Objetivo: elencar os pontos convergentes entre estes profissionais de sucesso. No começo, diz Bennis, saltavam aos olhos mais diferenças do que semelhanças. Havia pessoas no grupo que usavam mais um ou outro lado do cérebro; gente que se vestia para impressionar ou não; líderes falantes ou introspectivos.

A propósito, o grupo tinha poucos líderes carismáticos. Mas o pesquisador acabou encontrando várias capacidades comuns à maioria deles, sendo estas quatro realmente essenciais: capacidade de atrair a atenção; de dar significado às coisas; de inspirar a confiança; e de ter autocontrole. Conseguiu também identificar que os bons líderes transferem poderes, responsabilidade e autonomia aos subordinados, aumentando a motivação sem precisar instituir um sistema de prêmios e castigos. A pesquisa também concluiu que os subordinados destes líderes esperam deles: Direção, Visão, Integridade (alguém em que possam confiar) e Otimismo.

A intenção deste estudo era encontrar líderes verdadeiros e não bons administradores. Líderes mexem com a cultura de uma empresa e são arquitetos sociais, criam e mantêm valores sólidos. Líderes fazem as coisas certas, enquanto administradores fazem as coisas corretamente. Ambas são funções cruciais e profundamente distintas. Um dos grandes problemas das organizações é que são lideradas de menos e gerenciadas de mais. O sistema educacional tem parte de culpa nisso, pois ensina os novos profissionais a serem bons técnicos, mas não os ensina a serem líderes excelentes.

Dentro da Alterdata, empresa que dirijo, existem gerentes que são excelentes administradores, mas que nem sempre inspiram seus subordinados, dificultando que novas lideranças emerjam. Por outro lado, também existem gerentes que todos admiram, que são modelos para suas equipes, tornando a respectiva liderança mais eficaz.

Depois de vários anos de observação e entrevistas, o pesquisador conseguiu chegar a quatro elementos fundamentais:

1. Capacidade de atrair a atenção

Entre as características mais evidentes dos líderes que fizeram parte desta amostragem encontra-se a habilidade de persuadir pessoas, já que eles têm uma visão diferenciada. Sua extraordinária energia de concentração em um compromisso atrai as pessoas. Possuem algo que as faz desejarem unir-se a eles, porque compartilham sua visão. Os líderes gerenciam a atenção por meio de ideias persuasivas que levam as pessoas a almejarem vivenciar uma determinada situação.

É importante que se compreenda que a mencionada visão não tem relação com algo místico ou religioso, mas voltado a um resultado, um objetivo ou uma direção.

Nos meus quase 30 anos de experiência desenvolvendo softwares para líderes, percebo que esta capacidade de mover o coração das pessoas deve ser algo suave, natural e transparente. A liderança verdadeira é admirada, não imposta. O líder admirado está junto com a sua equipe nos momentos mais difíceis e sempre faz questão de demonstrar a todos como pensa. O líder precisa demonstrar o caminho para sua equipe, não pode se esconder atrás das decisões e deve deixar claro porque decide de certo modo.

Uma das sugestões para potencializar esta capacidade é o líder fazer reuniões trimestrais abertas apresentando os resultados, nas quais o próprio líder apresenta os principais indicadores da organização, deixando claro o que vai bem e o que vai mal, apontando setores e pessoas que precisam melhorar para que tudo seja harmônico, permitindo que todos compartilhem da sua visão.

O líder de verdade não atrai a atenção por ser um marqueteiro, mas por ser admirado por sua força de trabalho, visão e propósito nas ações. O líder propagandista em excesso tem, por consequência, vida curta.

2. Capacidade de dar significado às coisas

A meta do líder não é só explicar ou esclarecer algo, mas criar uma significância. Quanto mais complexa for a organização, mais crucial é essa habilidade. Líderes eficazes transmitem ideias através de vários níveis da empresa e vencem o “ruído” de grupos de interesse e opositores.

Para tornar os sonhos visíveis e levar as pessoas à adesão, o líder deve transmitir sua visão, o que é melhor conseguido quando utiliza metáforas, palavras ou modelos que tornam sonhos em coisas tangíveis. Líderes transformam fatos, conceitos e relatos em significado.

A capacidade de gerenciar a atenção e o significado é parte da constituição do líder. Não é suficiente usar frases de efeito e técnicas perspicazes ou contratar um profissional de relações públicas para redigir discursos. O líder verdadeiro faz tudo com o coração, acreditando, arrastando um exército no mesmo propósito, e não apenas falando sem agir.

Dentro da Alterdata costumo dizer que não somos uma empresa de construção de software, mas tornamos as empresas dos nossos clientes mais lucrativas e eficientes, para que as mesmas tenham longevidade. Se conseguirmos fazer os nossos clientes quebrarem menos, iremos mais longe, faremos o Brasil crescer, contribuindo para o nosso país competir com os melhores do mundo. Um hospital não está ganhando dinheiro com a medicina, está salvando vidas. Uma construtora não está fazendo pontes e estradas, está contribuindo para o país crescer. Gerando empregos, somos melhores como nação. Todas as empresas possuem uma significação: o importante é o líder ter a capacidade de deixar claro para todos a razão dos sonhos.

3. Capacidade de inspirar confiança

A confiança é essencial para todas as organizações e tem como determinante o que se denomina “constância”. Quando os subordinados foram entrevistados sobre os líderes da referida pesquisa, ouviram-se frases como: “Meu chefe é muito consistente!” ou “Goste ou não, você sempre sabe de onde ele está vindo, para onde vai e que posições defende”.

O estudo demonstrou ainda que as pessoas estão mais propensas a seguir indivíduos nos quais confiam – mesmo discordando de seus pontos de vista –, do que seguir aqueles com os quais concordam, mas que mudam de posição frequentemente. O líder precisa ter posições sobre os rumos da companhia, precisa deixar claras as posições para todos, bem como fazer o que fala com coerência. O líder precisa ser uma pessoa que ouve, que deixa as pessoas opinarem. Quando o líder inspira confiança, a equipe se sente à vontade para falar o que pensa e passa a colaborar.

Uma dica importante para o líder é estar o tempo inteiro observando se as pessoas estão realmente falando o que pensam. É fundamental criar mecanismos que permitam entender a forma de pensar de todos, como pesquisas de satisfação identificadas ou não. Além disso, participar pessoalmente de reuniões possibilita perceber a forma de pensar e os valores de todos. O líder não pode confiar que falará e que todos seguirão – o processo é mais complexo que isso –, mas tudo fica mais fácil quando há confiança.

O líder que quer enganar o cliente está passando à sua equipe uma mensagem que não é confiável; similarmente, o líder que não se importa com parte da equipe deixa transparecer que pode também não se importar com o restante do time; já o líder que concorda em conquistar mercados mediante (ou “valendo-se de”) expedientes escusos, evidencia não ser honesto no sentido mais amplo da palavra. Daí nota-se que confiança se passa nos detalhes e não nos grandes discursos.

4. Capacidade de ter autocontrole

Gerenciar a si mesmo – competência crucial – é conhecer as próprias capacidades e empregá-las com eficácia. Os líderes de verdade conhecem a si mesmos e aprimoram seus pontos fortes, o que é percebido por todos. Possuem extraordinária capacidade de assumir riscos com a aceitação de que podem falhar, não se achando melhores que os outros. Da mesma forma, possuem serenidade para resolver questões complexas.

Alguns presidentes de empresa acreditam que uma das maiores habilidades do líder é cometer o maior número de erros o mais cedo possível e, então, tirá-los do caminho, banindo-os por completo.

Esta capacidade de autocontrole precisa ser notada pelo grupo, as pessoas precisam perceber que o líder está se aprimorando o tempo inteiro, que é a pessoa à qual podem recorrer para encontrar solução para dado problema e se este não souber o que dizer, mostrará isso sem subterfúgio, e se movimentará para resolver a questão, seja por adquirir a ciência da coisa, seja por convocar um especialista no assunto. Uma dica pessoal que dou é que o líder seja muito observador de si e dos outros, é fundamental que tenha uma lista das suas principais fraquezas por escrito, para que possa corrigi-las gradativamente.

Para montar esta lista basta observar seus limitadores na tomada de decisão. Do mesmo modo, convivendo com pessoal de nível mais alto terá um referencial mais elevado a ser seguido. Não menos importante, ler literatura pertinente à gestão do negócio permitirá discernir quais habilidades ainda não possui.

Este artigo tem a intenção de projetar alguma luz sobre os quatro elementos convergentes nos líderes apresentados na pesquisa, focando nas capacidades que precisam ser adquiridas ou potencializadas para que a magia de comandar pessoas aconteça.

Se você é um gerente ou pretende ser, se você é um empresário ou pretende ser, tenha a certeza de que seu comportamento na carreira será mais importante do que seu conhecimento técnico. O conhecimento técnico conta para levá-lo até determinado ponto. Daí por diante, o que o distinguirá dos demais profissionais com conhecimento idêntico será a sua habilidade em liderar.

Se tiver dificuldades de caminhar sozinho neste terreno, é interessante contratar um coach. Por mais competente que um profissional seja tecnicamente, ele só conseguirá ser um comandante eficaz se detiver capacidades como as descritas acima, passíveis de serem adquiridas. Significa, portanto, que não necessariamente precisam ser insculpidas no DNA deste profissional.

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